Confirmada a descoberta de mais de 1200 exoplanetas


A Agência Espacial Norte Americana, NASA, anunciou esta terça-feira que a missão do telescópio espacial Kepler conseguiu descobrir a maior coleção de planetas de sempre. No total, são 1284 novos planetas noutros sistemas solares (exoplanetas), o que significa o dobro de planetas que já haviam sido confirmados por esse telescópio. "Esta descoberta dá-nos a esperança de que, em algum lugar ao redor de uma estrela semelhante ao nosso Sol, acabaremos por descobrir um planeta semelhante a Terra", diz Ellen Stofan, cientista da NASA, em comunicado da agência espacial.

A NASA analisou um catálogo com 4302 candidatos a planetas identificados pelo Telescópio Kepler. Para 1284 dos candidatos, a probabilidade de serem planetas é maior que 99%, o mínimo para que seja considerado um planeta. Dos "excluídos", há 1237 que não conseguiram atingir esse nível de probabilidade e que precisam de análises adicionais. Os restantes 707 serão provavelmente outro tipo de fenômeno astrofísico detectado pelo Kepler. Esta análise da NASA, segundo o comunicado, também confirmou e contabilizou 984 candidatos identificados antes por outros instrumentos.


"Antes do lançamento do telescópio espacial Kepler [em 2009] não sabíamos se os exoplanetas eram comuns na [nossa] galáxia. Graças ao Kepler e à comunidade científica, agora sabemos que podem existir mais planetas do que estrelas", disse Paul Hertz, diretor da Divisão de Astrofísica da NASA. Segundo adianta, esse conhecimento pode ajudar as futuras missões "a ficar mais perto de saber se estamos sozinhos no Universo".

O primeiro exoplaneta foi descoberto em 1995, por Michael Mayor e Didier Queloz, do Observatório de Genebra, Suíça, ao redor da estrela Pegasi-51, a 50 anos-luz de distância de nós. Era um gigante composto por gases, com metade do tamanho de Júpiter, o maior planeta do nosso Sistema Solar. E como estava muito em cima da estrela, a orbitava em apenas 4,2 dias. Antes desse anúncio da NASA, o número de exoplanetas extrassolares confirmados já ultrapassava os 2000, desde gigantes gasosos a pequenos rochosos, que teriam as superfícies firmes como as de Mercúrio, Vênus e Terra, e que não são gasosos como Júpiter e Saturno.


O comunicado da NASA explica que o Telescópio Kepler capta pequenas alterações regulares do brilho que ocorrem quando os planetas passam a sua frente. Um evento que pode ser comparado com o trânsito de Mercúrio a frente do Sol, ocorrido nesta semana. Desde a descoberta dos primeiros planetas extrassolares há mais de uma década que os cientistas se dedicam a um processo de verificação de cada um dos corpos candidatos a planetas, sublinha a NASA.

Este último anúncio, no entanto, é baseado num método de análise estatística que pode ser aplicado em simultâneo a vários candidatos a exoplanetas. Timothy Morton, investigador na Universidade de Princeton, em Nova Jersey (EUA), e autor principal do artigo científico publicado na revista The Astrophysical Journal, usou uma técnica para atribuir uma porcentagem de probabilidade a cada candidato a planeta identificado pelo Kepler. Foi a primeira vez que se realizou um cálculo automatizado - utilizando um software chamado Vespa - a esta escala.


"Os candidatos a planetas podem ser vistos como migalhas de pão", referiu Timothy Morton, citado no comunicado da NASA. "Se deixarmos cair uma mão cheia de migalhas no chão, podemos apanhá-las uma a uma. Mas, se despejarmos um grande saco de minúsculas migalhas, vamos precisar de uma vassoura. Esta análise estatística é uma vassoura." Na coleção recém-validada de planetas, quase 550 podem ser rochosos como a Terra, com base no seu tamanho. Nove destes estarão situados numa zona habitável da órbita do seu sol, ou seja, a uma distância de sua estrela que pode garantir temperaturas que permitam presença de água líquida. Há agora um total de 21 exoplanetas que fazem parte deste grupo exclusivo.

"É costume dizer-se que não se pode contar as galinhas antes de chocarem os ovos, mas é exatamente isso que esses resultados permitem fazer baseando-se nas probabilidades de cada ovo (candidato) vir a ser um pintinho", compara Natalie Batalha, co-autora do artigo e cientista da NASA no Centro de Investigação em Moffet Field, na Califórnia. Em 2018 a NASA vai lançar a próxima grande missão dirigida à procura de planetas extrassolares: o telescópio espacial Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), que irá vigiar 200 mil estrelas próximas e procurar planetas do tamanho da Terra ou maiores.

Fonte: Público.pt

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