Erros e acertos do filme "Perdido em Marte"


Após uma tempestade de poeira no planeta vermelho, a equipe do astronauta Mark Watney não consegue encontrá-lo e volta para a Terra. Mas o astronauta, na verdade, está vivo, possui poucos recursos para sobreviver e precisa encontrar uma forma de voltar para casa.

Essa é a premissa de Perdido em Marte, livro de Andy Weir, adaptado para cinema em filme de mesmo nome, dirigido por Ridley Scott e estrelado por Matt Damon, que estreou no Brasil nesta quinta-feira (01/01).

Até o momento, muitos críticos têm elogiado a produção, que contou com consultores da NASA para representar Marte e uma missão espacial com precisão. Tatno que a agência espacial americana aproveitou a estreia do filme para anunciar a descoberta de evidências de água na superfície do planeta vermelho e lançar uma campanha de marketing "The Real Martians", a partir da qual pretende divulgar a realização de missões verdadeiras e tripuladas para Marte até 2030.


Mas o quão preciso de fato é o filme de Ridley Scott? O site IFLScience quis tirar a prova dos nove e levou vários especialistas para assistir a produção. Os erros e acertos do longa-metragem você confere a seguir:

Caso não queira spoiler, volte aqui depois de assistir o filme.

Tempestade de poeira: Para sermos justos, Andy Weir, autor do livro, afirmou em entrevista que a tempestade de poeira foi utilizada simplesmente como um recurso para deixar o personagem Mark Watney preso em Marte. A cena de abertura do filme mostra uma tempestade de poeira. Estas de fato ocorrem em Marte, no entanto, não com essa intensidade. A pressão atmosférica do planeta é tão baixa que o vento em si é insignificante. "Não há energia o suficiente para mover objetos grandes da forma que o livro e o filme retratam", diz Dave Lavery, da NASA e consultor do filme.


Dinâmica orbital: O trajeto entre a Terra e Marte é um dos aspectos mais preciosos do filme, que mostra a bruta realidade do voo espacial: a viagem poderia demorar cerca de oito meses sem a tecnologia atual. "Isto não é apenas uma história inventada, os cálculos do autor são bem precisos", afirma Rudi Schmidt, diretora de projetos da Agência Espacial Europeia.

Solo marciano: No filme, Watney utiliza uma combinação de suas próprias fezes, água e solo marciano para cultivar batatas. De acordo com Dave Lavery, da NASA, isto é mesmo possível. "Nós teos alguns experimentos de cultivo simulando o solo de Marte e tudo indica que essa ideia é bem realista", explica.

Sair de Marte: No momento, isso não é possível. Sair de Marte é, na verdade, o maior obstáculo que a NASA tem que superar nas próximas missões. Não só a agência espacial não conseguiu definir quais são as logísticas para sair do planeta vermelho, como também não sabe ao certo quais são as consequência disto. A tripulação de Ares usa veículos de ascensão de Marte para sair do planeta. No livro, Andy Weir explica que a máquina consegue transformar o metano da atmosfera marciana em cobustível. O veículo então acelera para uma velocidade orbital que permite que ele se conecte com a nave espacial Hermes, que consegue trazer os astronautas de volta à Terra.


Tornados: Em Perdido em Marte, tornados gigantes são formados. Se a atmosfera marciana é tão fina, é possível que ela consiga realizar este tipo de fenômeno? 

A resposta é sim! No planeta vermelho ocorrem redemoinhos, que chicoteiam a superfície. Eles podem chegar a 800 metros de altura.

Comunicação com a Terra: Quando os sistemas de comunicação de Watney são destruídos na tempestade de poeira, o astronauta fica incomunicável. Ele então consegue utilizar o Pathfinder e o Sojourner, robô e veículo que chegaram a Marte em 1997. Ambas as máquinas se desligaram durante alguns meses e, segundo Lavery, isso só aconteceu por que a bateria delas acabou. Então, se estas fossem substituídas, de fato a Pathfinder e o Sojourner poderiam voltar a funcionar.

Radiação: Passar meses na superfície de Marte, como faz Watney no filme, traria vários riscos à saúde, fazendo com que ele desenvolvesse doenças relacionadas com a radiação, como câncer, por exemplo. "Na realidade, os astronautas das futuras missões à Marte terão que ir para o subsolo, para se proteger contra a radiação do Sol", disse Schmidt.


Gravidade de Marte: O personagem de Matt Damon se locomove pela superfície marciana como se fosse pela terrestre, mas como Marte tem apenas 30% da gravidade da Terra, os movimentos seriam diferentes. De acordo com os especialistas da NASA, para um humano se mover no solo marciano, seria necessário realizar uma série de pulos arrastados.

Em justiça a Ridley Scott, seria bem estranho e desconfortável ver Watney se locomovendo desta forma na telona.

Habitat: A ideia de usar um habitat inflável para o astronauta foi bem consistente. De fato, em breve o componente aeroespacial Bigelow, que é inflável, será anexado à Estação Espacial Internacional e uma variação dela poderia ser muito bem utilizada em Marte.

Fonte: Revista Galileu

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