Supernova descoberta é tão brilhante que astrônomos não conseguem entender sua origem


Uma equipe de astrônomos do ASASSN, uma rede de telescópios distribuídos entre o Chile e o Havaí, acaba de descobrir a supernova mais brilhante do céu. Apelidada de ASASSN-15lh, a explosão está a 3,8 bilhões de anos-luz da Terra, e sua luminosidade é mais de 22 mil vezes mais faca do que os objetos de luminosidade mais baixa que temos notícia. Contudo, a explosão foi tão poderosa que, se estivesse à distância de Sirius (apenas 8 anos-luz da Terra), a enxergaríamos tão forte quanto a luz do Sol. O que desencadeou o fenômeno, contudo, ainda é um mistério.

Os estudiosos agrupam supernovas em diversas categorias, dependendo do que motivou para que acontecessem. As supernovas Ia, por exemplo, são relacionadas à massa das estrelas do tipo anã branca, que são pequenas. Já o tipo II de supernova acontecem em estrelas muito massivas; quando o hidrogênio acaba no núcleo dessas estrelas, começa um processo de fundição de átomos, até que o núcleo se torne praticamente feito de ferro. Assim, a estrela em colapso, gerando uma explosão brutal e transformando seu núcleo em uma estrela de nêutrons.


A explosão da ASASSN-15lh foi tão poderosa que estima-se que ela tenha sido realmente bastante massiva. Mas os elementos identificados na supernova indicam baixa presença inicial de hidrogênio, o que torna o enigma mais complexo. Todd Thompsom, co-autor do artigo que explica a descoberta e professor de astronomia da Universidade de Ohio, explica que é estranho que estrelas massivas não tenham hidrogênio, mas não é impossível. "Algumas estrelas ejetam todo o hidrogênio durante a explosão, quando morrem", disse o pesquisador.

Além disso, é possível que a supernova tenha ganhado uma "ajudinha" na luminosidade por conta do isótopo radioativo Níquel-56. Mas para causar uma explosão dessa magnitude, a ASASSN-15lh deveria ter quantidades monstruosas de níquel: algo como trinta vezes a massa do Sol. E a luminosidade não parece estar desaparecendo rápido, como seria o caso.


Outra possibilidade é que o núcleo da estrela tenha se tornado um magnetar, que são estrelas de nêutron com campos magnéticos muito potentes, e isso poderia ter impulsionado a explosão violenta. Mas nem isso explica a potência da ASASSN-15lh: o núcleo deveria estar se movimentando muito rápido e manter um campo magnético extremamente poderoso, o que é incomum em uma estrela do tipo. Também teria que converter a energia usada no colapso em luz de maneira muito mais eficiente do que qualquer supernova conhecida até hoje.

Compreender o que causou a ASASSN-15lh é um grande passo para entender as supernovas superluminosas, que devem estar ainda mais presentes nos primeiros momentos do Universo, que estamos começando a enxergar agora. O tipo do telescópio utilizado nessa busca também permite que pesquisadores encontrem mais informações sobre galáxias que ainda não são conhecidas.


O grupo responsável pela pesquisa ainda não chegou a conclusões definitivas sobre a supernova mais luminosa conhecida até agora, mas os caminhos estão abertos. Uma descoberta como essa pode ajudar astrônomos do mundo todo a aprender mais sobre supernovas magnetares e até novos objetos. "Aqui temos um caso em que o número de modelos viáveis pode ser zero. Isso é muito empolgante", disse Thompson.

Fonte: Revista Galilei

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