Exoplanetas estão se formando incrivelmente longe de sua estrela-mãe.
Exoplanetas podem estar se formando a partir de um enorme disco de gás. Até aí tudo bem.Porém, o que os cientistas estranham é o fato de que essa formação está ocorrendo muito, muito longe de sua jovem estrela-mãe.
A região de formação planetária está tão longe de sua estrela (cerca de 5 vezes a distância entre o Sol e Netuno) que parece ser a primeira vez que os pesquisadores observam tamanha distância de nascimento de planetas.
-Veja um vídeo sobre a formação de planetas
Astrônomos japoneses viram o disco de formação de planetas gigantes ao estudar novas imagens da estrela chamada HD 142527, feitas pelo Observatório Atacama Large Millimeter/submillimeter, ALMA, no Deserto Chileno. A estrela responsável por esta formação está localizada a cerca de 450 anos-luz de distância da Terra, e tem cerca de 2 milhões de anos (muito jovem para uma estrela).
Os poderosos radiotelescópios do ALMA oferecem aos astrônomos a oportunidade de observar fenômenos cósmicos que normalmente são invisíveis. Ao detectar o espectro em comprimentos de onda muito curtos, no milímetro e submilímetro, o ALMA pode detectar as nuvens de gás e poeira onde novas estrelas estão se formando, assim como os discos de detritos em torno destas estrelas, onde se formam os planetas.
As novas observações do ALMA sobre a estrela HD 142527 mostram que a mesma estã rodeada de poeira cósmica, onde se formam os planetas. Pode-se observar ainda um ponto brilhante no lado norte do disco, com emissão no submilímetro cerca de 30 vezes mais forte do que a emissão no lado sul.
"Estamos muito surpresos com o brilho do lado norte", comenta Misato Fakagawa, professor assistente na Universidade de Osaka. "Eu nunca vi um 'nó' tão brilhante em uma posição tão distante. Esta forte emissão pode ser interpretada como uma grande quantidade de material acumulado. Ao verificarmos essa grande quantidade de material se aglutinando, podemos deduzi que planetas ou cometas estão sendo formados ali".
Misato Fukagawa e seus colegas acreditam que, se o disco tem uma proporção de poeira e gás (1 a 100) comparável a outro sistemas solares, então planetas gigantes de gás várias vezes mais massivos do que Júpiter podem estar se formando no disco. Mas se esse ponto denso no disco tem uma proporção maior de poeira, pode originar planetas rochosos como a Terra e outros corpos menores, como cometas.
Em qualquer caso, esse sistema solar "oferece uma rara oportunidade para que possamos observar diretamente o momento crítico de formação planetária, o que pode nos fornecer novas postas sobre a origem dos corpos planetários de órbitas distantes", escreveram os pesquisadores.
Os pesquisadores dizem esperar por medidas mais precisas da quantidade de gás no disco, para identificar quais tipos de planetas podem estar se formando em torno da nova estrela. O ALMA pode ainda ajudá-los a identificar mais discos de formação planetária em torno de outras estrelas.
"HD 142527 é um objeto peculiar, segundo nosso limitado conhecimento", acrescentou Fukagawa. "Nosso objetivo final é revelar o principal processo que controla a formação de planetas. Para atingir esse objetivo, é importante obtermos uma visão abrangente da formação de planetas de muitos outros discos planetários".
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