Crateras antigas de Vesta foram apagadas misteriosamente


Há pouco mais de 4 bilhões de anos, como diz a teoria, o Sistema Solar interior foi bombardeado por rochas espaciais. Esse evento, chamado de Grande Bombardeio Tardio (o reajuste das órbitas dos planetas exteriores, como Júpiter e Saturno) causou crateras na Lua e deixou marcas na crosta do nosso próprio planeta, que se apagaram ao longo do tempo por conta da erosão.

Vesta, por sua vez, é um grande asteroide sem atmosfera, que orbita o cinturão entre Marte e Júpiter, mas, por algum motivo, não possui evidências do Grande Bombardeio Tardio, como mostram as imagens da Sonda Dawn durante seu grande encontro, entre 2011 e 2012. E aí surge a grande pergunta: por quê?


A nova simulação sugere que, apesar de sua superfície seca e sem atmosfera, o grande asteroide Vesta deve ter sido alvo de diversos impactos nos últimos 4 bilhões de anos, o que foi suficiente para apagar a maioria das provas, ou melhor, das crateras anteriores.

"Calculamos um aumento no número de impactos durante o Grande Bombardeio Tardio que leva a uma erosão da crosta de Vesta, que tem cerca de 20 a 30 km de profundidade, e isso é compatível com a sobrevivência da crosta", escreveu a pesquisadora Simona Pirani, estudante de PhD do Observatório Lund, Suécia.


"Nós também procuramos por vestígios de crateras na superfície de Vesta, que teriam sido formadas durante o Grande Bombardeio Tardio, e descobrimos que as crateras produzidas após esse grande evento foram apagadas de forma eficiente, não restando qualquer vestígio do evento de 4 bilhões de anos."

Algumas crateras relativamente novas em Vesta. As cores diferentes são
 o resultado de observações em diferentes níveis de onda do espectro.
Isso nos ajuda a entender quais foram os efeitos do Grande Bombardeio Tardio no Sistema Solar. Nossos melhores estudos tinham pesquisas referentes a nossa Lua, mas o Grande Bombardeio Tardio pode ter atingido de forma diferente dentro do Cinturão de Asteroides, onde encontra-se o Asteroide Vesta.

Vesta é apenas um dentre diversos outros objetos no Sistema Solar que deveriam ser estudados de perto. Ceres, que também foi visitado pela Sonda Dawn, é um planeta anão com uma superfície completamente diferente. O gelo que os cientistas suspeitam estar lá, por exemplo, provavelmente foi responsável por apagar as crateras muito rapidamente, segundo Simona. Com relação à Vesta, existem alguns palpites sobre quais foram os mecanismos responsáveis pelo desaparecimento das antigas crateras.


"Um possível processo de renovação de superfície que poderia ter contribuído para apagar as crateras do Grande Bombardeio Tardio, seria a ampla disseminação do material ejetado, por exemplo. Quanto maior o alvo de uma colisão, maior a quantidade de material ejetado, que se espalha pela superfície, apagando crateras anteriores", disse Simona.

"Outro processo que deve ser levado em conta são os abalos sísmicos na sequência de um impacto. Vesta possui duas bacias de grande impacto no pólo sul, ou seja, esses impactos podem ter sido abalos sísmicos que permitiram uma remodelação de grande parte da superfície."

A diferença de tonalidade na superfície de Vesta é o que chama a atenção na imagem.
Acredita-se que as partes mais claras sejam compostas pelo material original de Vesta,
 enquanto o material escuro deve ser rico em carbono, originário de colisões.
Vesta é um asteroide único no cinturão principal, isso porque existem meteoritos na Terra que podem ser amostra desse belo asteroide. Os meteoritos chamados HEDs (howarditos, eucritos e diogenitos) mostram aos pesquisadores como era o passado de Vesta.

Simulações de formação do Sistema Solar indicam que poderia haver uma falta de massa no Sistema Solar interior, particularmente visto no caso de Marte (um pequeno planeta). Segundo Simona, o próximo passo será analisar como essa massa desapareceu, e o que poderia ter acontecido quanto os protoplanetas interagiam.

Fonte: Galeria do Meteorito

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