Estudo afirma: Universo está morrendo lentamente!
O Universo está se apagando, e isso é demonstrado em diferentes comprimentos de onda. Ultravioleta/Luz visível/Infravermelho |
Toda energia no nosso Universo foi criada pelo Big Bang, a grande expansão energética que há cerca de 13,8 bilhões de anos acredita-se que tenha dado origem a tudo que existe. Parte desta energia, no entanto, ficou "presa" como matéria, cuja massa as estrelas convertem de volta em energia, na forma de luz, calor e várias outras emissões ao longo do espectro eletromagnético, respeitando a famoa equação de Albert Einstein, E = mc² (energia é igual a massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz).
Assim, muitos cientistas esperam que, se o Universo continuar a se expandir indefinidamente, mais estrelas vão se apagando do que novas nascem, e elas e outros objetos astronômicos, como os buracos negros, vão eventualmente consumir toda a matéria disponível. Desta forma, o Universo também vai se "apagar" lentamente, mergulhando na escuridão até atingir um estado de total equilíbrio termodinâmico daqui a um incontável número de anos, da ordem de 10^100, ou o número "1" seguido de cem zeros.
E esta lenta morte do Universo já começou. No mais amplo e detalhado levantamento já feito das emissões de mais de 200 mil galáxias espalhadas pelo Cosmo ao longo de boa parte do espectro eletromagnético, uma equipe internacional de astrônomos calcula que a energia produzida atualmente no Universo é cerca da metade da gerada há cerca de 2 bilhões de anos, abrangendo comprimentos de onda que vão do ultravioleta ao infravermelho distante. A estimativa é um dos primeiros resultados do projeto Gama (sigla em inglês para "Reunião de Galáxias e Massa"), apresentados na última segunda-feira durante a 29ª Assembleia Geral da União Internacional de Astronomia, que acontece no Havaí.
"Embora boa parte da energia que vaga pelo Universo tenha emergido do Big Bang, energia adicional está sendo constantemente gerada pelas estrelas à medida que elas fundem elementos em seu núcleo, como hidrogênio e hélio", explica Simon Driver, do Centro Internacional de Pesquisas Radioastronômicas (Icrar) e líder do projeto Gama. "Essa nova energia ou é absorvida pelas nuvens de gás e poeira enquanto viaja pela sua galáxia hospedeira, ou escapa para o espaço intergaláctico, continuando a viajar até atingir algo, como uma outra estrela, um outro planeta, e muito ocasionalmente a lente de um telescópio terrestre".
Energia adicional é gerada pelas estrelas, em seu núcleo. |
O fato de que o Universo está lentamente se apagando já era conhecido desde os fins do ano 1990, mas este estudo é o primeiro a mostrar que o fenômeno acontece em variados comprimentos de onda. Para descobrir isso, os cientistas lançaram mão de dados coletados de diversos dos mais poderosos equipamentos astronômicos instalados ao redor do mundo e no espaço para medir as emissões de energia de galáxias em uma série de regiões do Universo próximo. Entre eles estão os telescópios Vista e VST, do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, e os telescópios Espaciais Galex e Wise, da Nasa, e Herschel, da Agência Espacial Europeia (ESA), na mais abrangente e precisa medição do tipo já feita.
"Usando o tanto de telescópios em solo que pudemos colocar nossas mãos para medir as emissões de energia de mais de 200 mil galáxias ao longo do mais amplo espectro de comprimentos de onda possível", destaca Driver. "Daqui pra frente o Universo vai continuar a declinar, gentilmente entrando na velhice. O universo basicamente se sentou no sofá, puxou o cobertor e está a caminho de entrar em um sono eterno."
Os cientistas do projeto Gama, porém, esperam expandir cada vez mais seu trabalho de mapeamento da geração de energia do Universo, avançando tanto para mais longe, e consequentemente mais para trás no tempo, quanto para mais regiões do Cosmo. Para tanto, eles vão usar uma série de novos e poderosos equipamentos astronômicos em construção, entre eles o Square Kilometre Array (SKA), uma gigantesca rede de radiotelescópios na Austrália e África do Sul, o Telescópio Espacial James Webb, da Nasa, considerado o sucessor do Hubble, e o supertelescópio ótico E-ELT, do ESO.
Fonte: O Globo
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